terça-feira, 30 de junho de 2015

Repentino

O que seria o amor senão essa coisa maluca
e óptica, que apesar de não-palpável
todos querem ser tocados?

Em breve, sairá nos jornais: "jovem AMORRECEU cedo demais, por tanto amar o que não era convém ao próximo"; certamente mais uma perda para o pobre e incontrolável coração que não escolhe quem, quando e onde amar. Coração é essa coisa nossa, íntima. Essa coisa que algum desconhecido quisera roubar mesmo sem intenção alguma que isso aconteça. Coração é bandeja recheada de docinhos e nós somos apenas crianças a espera daquela bandeja para devorar alguns minutos de pura satisfação. Amar é entrega sem devolução, é pedido sem prazo de validade, são os beijos que acabamos doando sem compromisso, é o nosso corpo junto ao outro e passando a sentir-se mais completo. Amar é essa coisa louca, mas tão louca, que quando acaba parece que nunca começou. E não adianta dizer que amor não acaba, porque o filme da vida real é bastante diferente daqueles que costumamos ver na televisão, ouvir nas rádios e ler nos jornais. Amor mais intensidade que permanência. Amor era ter aquele sorriso colado no meu, era poder vê-la dormir de cara limpa e acordar no outro dia ainda mais linda. Todas as músicas que ainda ouço, sempre acaba em amor. E é estranho. Muito. Percebe que na mesma frase a gente sempre coloca um "acaba" antes do "amor"? É tipo: tudo sempre acaba em amor; ou talvez o amor acabe antes mesmo de deixar de existir. 

Amor é amar a alma,
o tempo,
o vento,
aquela música que sempre toca na rádio pra sacanear com o coração da gente,
aquela ligação que a gente menos espera,
é o "bom dia" que muda tudo ao nosso redor quando estamos apaixonados;

o amor está num abraço apertado,
em dormir de conchinha,
em olhares que não sabem pra onde ir, por onde começar, se quer ir ou ficar, 
naquele abraço que meu cachorro dá sempre que chego em casa,
no pote de nutella que me espera,
no sorvete de maracujá,
numa noite de sono bem dormida

e em mais de um zilhão de coisas simples que merecem amor, mas a gente deixa passar sem perceber. Às vezes, estamos tão preocupados em amar, que o amor chega e a gente nem vê, e ele vai embora. 
Eu que sempre quis amar, carrego amor nas coisas simples. 
Tem amor no meu sorriso, nas poesias, no meu olhar,
no infinito.

Amor é desapego, mas nunca consegui desapegar do amor.

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